O conceito de “convivialidade” tem sido utilizado para se referir a relações sociais criadas e mantidas tanto por laços de cooperação e solidariedade, mas também por vínculos estabelecidos pela dominação, a hierarquia e a violência. A partir das contribuições analíticas trazidas por esse conceito, o projeto busca compreender como um grupo de promotores de justiça integrantes da Força-Tarefa Rio Doce do Ministério Público atuaram ao longo dos anos 2016-2017 para ampliar os espaços de participação das comunidades atingidas pelo desastre da Samarco nos processos institucionais de reparação de danos e direitos. Através da leitura de documentos do processo e análise de entrevistas conduzidas por Cristiana Losekann junto aos promotores em 2017, nosso objetivo é conhecer as redes de sociabilidade que os promotores estabelecem entre si e com outros atores ao longo desse processo, entre eles ativistas, acadêmicos, especialistas, advogados corporativos e comunidades atingidas. Em especial, o trabalho se dedica a explorar como as relações de cooperação porventura estabelecidas entre os promotores e as comunidades atingidas são capazes de restringir os poderes da relação dominante e convencionalmente aceita dos processos de reparação, que tende a assegurar aos experts empresariais o protagonismo das decisões.

Busca identificar e compreender as diferentes dinâmicas do racismo ambiental no Brasil e seus impactos e modos de resistências das populações atingidas