“Em busca de Sambaquis”, um podcast que investiga as camadas do conhecimento e encontra respostas para reinventar o futuro.
Esse é um podcast de divulgação científica em ciências sociais. É realizado pelo Laboratório de Pesquisas em Política Ambiental e Justiça da Universidade Federal do Espírito Santo e contará com a colaboração de outros grupos de pesquisa ao longo dos episódios.
"Você sabe o que são sambaquis?
A palavra sambaqui vem do Tupi e significa literalmente amontoado de conchas. Eles são encontrados, principalmente, ao longo da costa do Brasil, mas também em outras regiões. Já se sabe que foram produzidos há milhares de anos pelos povos que habitavam esses locais. Por seu caráter pré-histórico, os sambaquis são objeto de estudo importante da arqueologia, paleontologia, entre outras áreas de conhecimento. O fato de que os sambaquis produziram mudanças na topografia, como montes, pode indicar que se tentava enxergar mais longe com eles.
A pesquisadora Ximena Suarez Villagran, especialista em sambaquis, professora da USP, diz que existe uma variedade grande de tipos de sambaquis e embora eles estejam entre nós há muito tempo, ainda permanecem como um objeto desafiador para a ciência. Não se pode afirmar com certeza o significados deles e, porque os povos sambaquieiros os construíram, mas o fato é que os sambaquis são formações produzidas pelo ser humano na sua interação com o meio, gerando camadas de elementos que indicam um passado complexo de ações e intenções.
Nós, cientistas sociais de diversas áreas, tomamos a busca de sambaquis como uma licença poética para refletir na tarefa investigativa sobre as nossas ações no mundo e o que elas provocam entre nós mesmos, e para o meio em que vivemos, inclusive o nosso fim.
Nesse jogo de idas e vindas entre investigações, evidências e respostas, que compõem a atividade dos cientistas, vamos em busca de sambaquis imaginários, onde as ideias, atos e sentidos são como conchas que se acumulam, formando montes que constroem significados. Quais horizontes eles permitem-nos olhar? Se, como propôs Ailton Krenak, o futuro é ancestral, então, talvez a metáfora dos sambaquis imaginários nos conduza a outras miradas, mais profundas e quiçá esperançosas sobre o nosso estar no mundo.
Neste podcast vamos compartilhar inquietações científicas, simplificar informações e inspirar ações para darmos respostas coletivas às mudanças climáticas, buscando um futuro sem injustiças ambientais. Esse é um podcast de divulgação científica em ciências sociais. É realizado pelo Laboratório de Pesquisas em Política Ambiental e Justiça da Universidade Federal do Espírito Santo. Vem conosco em busca de Sambaquis?
Justificativa
O objetivo do podcast é contribuir com a divulgação científica em Ciências Sociais. A ideia surgiu da observação de que a divulgação científica em matérias ambientais está em sua imensa maioria focada em perspectivas das ciências naturais ou baseada no jornalismo de fatos e conjunturas. Assim, buscamos trazer a combinação de pesquisas empíricas, reflexões e análises baseadas em discussões das ciências sociais, com ênfase para a sociologia ambiental, estudos de movimentos sociais e dos conflitos ambientais.
O podcast conta com 1 episódio piloto feito a partir de projeto de Iniciação Científica Júnior, com alunos da escola estadual Ana Balestreiro Lopes, de Cariacica, Espírito Santo. Neste episódio apresentamos as reflexões surgidas das investigações sobre mudanças climáticas realizadas pelos estudantes a partir da questão: como as mudanças climáticas podem ser sentidas no seu bairro e quais as políticas municipais para resolver os problemas? Foram realizadas entrevistas com moradores e gestores públicos, análise de documentos e estudos bibliográficos.
O resultado é uma reflexão que debate conceitos como injustiça e racismo ambiental, o negacionismo climático e o despreparo de gestores municipais para o enfrentamento dos diversos problemas apontados pela população durante a investigação.
Na sequência apresentamos 3 episódios criados a partir da publicação de um artigo da líder do grupo de pesquisa, Cristiana Losekann, e da (na época) Doutoranda em Ciências Sociais no PGCS/UFES, Raquel Lucena Paiva. O objetivo foi traduzir a discussão teórica e os achados da pesquisa publicada no artigo em linguagem que permita a difusão do conhecimento sobre políticas ambientais. Nesta temporada usamos, ainda, pesquisa de material de áudio em acervos públicos buscando trazer a materialidade cotidiana dos assuntos tratados.
Nesta série de três episódios discutimos a política ambiental brasileira e os efeitos do desmantelamento que vem ocorrendo ao longo dos anos. Na série, argumentamos que mudanças recentes, sobretudo no Governo Bolsonaro, vêm colocando no centro do alvo de ataque aquilo que mais caracteriza a força da nossa política ambiental: a responsabilidade compartilhada.
Este trabalho só foi possível graças a previsão de tais produções nos projetos financiados pela FAPES e CNPq, os quais permitiram a contratação da Bamm Produtora que criou a proposta do podcast e vem executando o trabalho de tradução comunicativa dos conteúdos, graças a abordagem que além de técnica também envolve o jornalismo científico.
A próxima temporada, já em produção e com previsão de primeiro episódio para lançamento em outubro, tem como título “Ambientalistas em Movimento do Brasil” e apresenta uma abordagem inédita em que convidados os ouvintes a construir o pensamento investigativo junto conosco a partir da pergunta: pelo que lutam os ambientalistas no Brasil? Uma proposta para compreender a construção do problema ambiental."
Produzido pelo Laboratório de Pesquisas em Política Ambiental e Justiça (LAPAJ/UFES), com realização técnica da Bamm Mídia, o projeto une rigor acadêmico e alta qualidade de produção sonora, garantindo clareza, atratividade e confiabilidade das informações veiculadas. Nos episódios existentes, incluindo uma minissérie sobre a política ambiental brasileira e um episódio que integra estudantes do ensino médio em pesquisa de campo sobre impactos locais das mudanças climáticas, levamos ao público temas como responsabilidade compartilhada, participação social, adaptação e mitigação, sempre baseados em literatura científica revisada e dados oficiais. Cada episódio oferece referências bibliográficas, depoimentos de pesquisadores e trechos de documentos governamentais, permitindo que o ouvinte acompanhe os caminhos metodológicos que sustentam as conclusões apresentadas.
A estratégia de disseminação multimídia amplia o alcance e a diversidade do público: além de estar disponível nas principais plataformas de áudio (Spotify, Apple Podcasts, Deezer, Amazon Music, Google Podcasts e Anchor) , o podcast é divulgado em redes sociais, no site do LAPAJ e em materiais visuais complementares (arte de capa, vídeos curtos e infográficos), fomentando interações e debates em tempo real. Essa presença multicanal facilita o diálogo entre comunidade científica, educadores, formuladores de políticas e sociedade civil, combatendo desinformação e estimulando inovação cidadã em prol da justiça climática.
Vem com a gente em busca de sambaquis?